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  • Foto do escritorFelipe Migliani

A origem do nome Jacarepaguá: uma herança Tupi-Guarani

Na imagem podemos ver pássaros voando no Complexo Lagunar de Jacarepaguá.
Foto: Felipe Migliani.

O nome “Jacarepaguá” deriva do tupi-guarani e tem um significado profundamente ligado à geografia e à fauna local.

 

Jacarepaguá, um dos bairros mais antigos e históricos do Rio de Janeiro, possui um nome que carrega a rica herança cultural dos povos indígenas que habitavam a região antes da chegada dos colonizadores portugueses. O nome “Jacarepaguá” deriva do tupi-guarani e tem um significado profundamente ligado à geografia e à fauna local.

 
 

O topônimo “Jacarepaguá” é formado pela junção de três palavras do tupi-guarani: îakaré (jacaré), upá (lagoa) e guá (baixa ou rasa). Assim, o nome pode ser traduzido como "lagoa rasa dos jacarés". Esta denominação faz referência às lagoas da Baixada de Jacarepaguá, que eram repletas de jacarés na época do descobrimento e da colonização.


“Quando da minha pesquisa sobre as lagoas, busquei o significado de Jacarepaguá, palavra que dá o nome à região da baixada entre os maciços da Tijuca e da Pedra Branca e, também, ao belo complexo de lagoas situado na mesma região. É de uso popular o entendimento de Jacarepaguá como "lugar dos jacarés".  Com origem na família linguística Tupi-Guarani,  Jacarepaguá, significa “lagoa dos jacarés”, em tupi (îakaré-jacaré,  upá - lagoa e kûá - rasa), ou seja, na toponímia já podemos perceber algumas características ambientais do Complexo Lagunar de Jacarepaguá”, explica Cristina Portella, moradora e autora da pesquisa “No meu Quintal tem uma lagoa: Divulgação Científica e Proteção Ambiental”. 


Contexto Histórico

A região de Jacarepaguá foi oficialmente fundada em 1594, quando os filhos de Salvador Correia de Sá, Martim e Gonçalo Correia de Sá, receberam a concessão das terras da Baixada de Jacarepaguá.


Eles alegaram que os sesmeiros originais não desenvolveram atividades econômicas nas terras, e assim, sob as Leis de Sesmarias, conseguiram a concessão das terras. Desde então, o nome Jacarepaguá tem sido uma constante, refletindo a importância das lagoas e dos jacarés na identidade da região.


Hoje, o nome Jacarepaguá não apenas identifica um bairro, mas também serve como um lembrete da rica herança indígena e da biodiversidade que caracterizava a região. A preservação do nome e da história por trás dele é fundamental para manter viva a memória dos povos originários e a importância ecológica das lagoas que ainda existem na área.


Val Costa, professor de Geografia e membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA), explica que em 1534, Portugal dividiu seu território colonial na América em 15 Capitanias Hereditárias e introduziu o cultivo de cana-de-açúcar. As condições favoráveis, como chuvas e clima quente, e a alta demanda por açúcar na Europa, levaram à substituição da extração de pau-brasil pela cana-de-açúcar como principal atividade econômica. As capitanias foram doadas a 12 donatários, que podiam escravizar indígenas, construir engenhos, cobrar impostos, aplicar leis e passar as terras como herança.


No final do século XVII e início do XVIII, a Baixada de Jacarepaguá era conhecida como a “Planície dos Onze Engenhos” devido à intensa produção de açúcar. Gonçalo e Martim construíram o Engenho da Tijuca, que passou por várias mãos na família Correia de Sá. Em 1847, José Maria Correia de Sá comprou o engenho, mas, enfrentando dificuldades financeiras, vendeu-o ao comendador Francisco Pinto da Fonseca, pai do Barão da Taquara”, explica Val. 


O professor ainda fala que o Engenho D’Água foi a última propriedade dos Correia de Sá na Baixada de Jacarepaguá. Após a morte do comendador Pinto, todas as suas propriedades passaram para seu filho, o Barão da Taquara.


A principal atividade econômica era a produção de açúcar para exportação, mas também havia outros cultivos para o mercado interno e muitos currais de gado nas áreas do Camorim e Vargens Grande e Pequena


Jacarepaguá continua a ser um símbolo de resistência e identidade cultural no Rio de Janeiro, e seu nome é uma janela para o passado, conectando os moradores atuais com a história e a natureza que moldaram a região.



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