As origens do Carnaval carioca
- IHBAJA
- 1 de mar.
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Por: Val Costa.
Professor de Geografia e membro do IHBAJA.
Acredita-se que a chamada “festa de Momo” teve início com as Saturnálias e as Lupercais, ambas praticadas pelos romanos na Antiguidade. O termo carnem levare já era encontrado no latim falado na Europa Ocidental durante os séculos XI e XII e significava “afastar a carne”.
No Brasil, o precursor do Carnaval foi o Entrudo, trazido pelos colonizadores portugueses. Essa festa, praticada originalmente pelos habitantes das Ilhas dos Açores, constituiu-se no principal divertimento popular nos períodos colonial e imperial.
Foliões saiam às ruas jogando baldes de água, pó de cal, vinagre, groselha e limões-de-cheiro (feitos de cera) nos pedestres. Em meados do século XIX, seus praticantes começaram a sofrer perseguições por parte das autoridades. Os escravos eram punidos com chibatadas, enquanto os homens livres deveriam pagar pesadas multas. Com isso, o Entrudo perdeu prestígio junto à elite brasileira, que passou a preferir os bailes de máscaras e fantasias, realizados em ambientes fechados.
O primeiro baile de máscaras da cidade aconteceu em 1840, no Hotel Itália, localizado na Praça Tiradentes. Duas festas ocorridas no período colonial são consideradas, por muitos pesquisadores, marcos iniciais importantes do Carnaval do Rio de Janeiro.
A primeira foi promovida, em 1641, pelo governador Salvador Correia de Sá e Benevides em homenagem ao rei Dom João IV. O evento durou uma semana e contou com desfiles nas ruas, combates, corridas e blocos de sujos e mascarados.
A outra, ocorrida em 1786, fez parte das comemorações do casamento do Príncipe Dom João com D. Carlota Joaquina, celebrado em Portugal. Nessa festividade, aconteceu o primeiro desfile de carros alegóricos do Rio de Janeiro, saindo do Passeio Público e percorrendo várias ruas do Centro.
A partir do início do século XX, os bailes proliferaram em toda a cidade. Ficaram famosos os bailes do Theatro Municipal, do Hotel Glória, do Copacabana Palace, do Palace Hotel, do Cassino da Urca, do Cassino Atlântico, do Cassino Copacabana e do Automóvel Clube do Brasil. Enquanto isso, nas ruas desenvolvia-se um Carnaval menos elitista, simbolizado pelos blocos e, principalmente, pelos corsos, que eram desfiles de carros conversíveis enfeitados, levando grupos de foliões que jogavam serpentinas e confetes nos pedestres.
Os negros libertos e seus descendentes – excluídos dos bailes de salão – festejavam o Carnaval através dos cordões e ranchos. Os cordões se caracterizavam por cortejos de foliões fantasiados que satirizavam todas as pessoas nas ruas. E os ranchos eram grupos organizados que desfilavam com músicos, coros e dançarinos, sob a batuta de um “mestre”.
A denominação “escola de samba” só apareceu em 1928, com a criação da “Deixa Falar”, no bairro do Estácio. O seu fundador, Ismael Silva (1905-1978), dizia que a proximidade do botequim, onde se reunia com os demais músicos, com a Escola Normal, fazia os sambistas locais serem tratados de "professores" ou "mestres". Originalmente essas associações estavam ligadas aos moradores dos morros, sendo discriminadas pelas categorias sociais mais abastadas.
Em 1929, a Mangueira, a Estácio e a Portela realizaram um desfile na Praça Onze. Em 1932, o Jornal Mundo Esportivo organizou uma grande competição envolvendo dezenove escolas. No ano seguinte realizou-se um desfile com vinte e nove associações, com regulamento e uma tabela atribuindo pontos à harmonia, à melodia, à originalidade e ao enredo. Finalmente, em 1934, foi fundada a União das Escolas de Samba (UES).
Jacarepaguá já foi tema de uma das mais famosas marchinhas carnavalescas do século passado. Criada em 1949 por Paquito, Romeu Gentil e Mariano Pinto, essa música foi sucesso absoluto nos bailes cariocas da época. Finalizo esse texto com uma parte dessa música que retrata o sentimento que ainda existe em muitos moradores da região, mesmo com os diversos problemas que enfrentamos no nosso cotidiano.
Copacabana tem
Romances ao luar
Em Paquetá também
A gente pode amar
Porém o lugar neste mundo, maior é pra mim
Jacarepaguá.

Val Costa é professor de Geografia e Membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá.
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