O filme tem como objetivo resgatar e valorizar a rica herança afro-brasileira presente nos terreiros e quilombos locais.
O filme, que será exibido no seminário “A Baixada de Jacarepaguá: Histórias, Legados, Riquezas e Potencialidades”, tem como objetivo resgatar e valorizar a rica herança afro-brasileira presente nos terreiros e quilombos locais.
O documentário "Encruzilhada: entre o terreiro e o Quilombo em Jacarepaguá", dirigido por Paulo Mileno, é uma obra que mergulha nas raízes culturais e históricas da região de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Paulo Mileno, cineasta e produtor cultural, utiliza sua própria vivência e percepção para narrar a história dos terreiros e quilombos de Jacarepaguá. O documentário destaca a importância de locais como a comunidade quilombola Cafundá Astrogilda, em Vargem Grande, e as antigas fazendas Baronesa da Taquara, Rio Grande e Engenho Novo.
"Encruzilhada" não é apenas um registro histórico, mas também uma reflexão sobre como a comunidade local muitas vezes desconhece sua própria história. O filme busca trazer à tona narrativas esquecidas e promover uma maior conscientização sobre o patrimônio cultural da região.
“Nossa história ainda é obscura e limitada, marcada por um passado escravocrata. Parece que a história dessa população começou na escravização e continua lá. Não falamos sobre a história dessa população antes da escravidão, nem sobre como se deu a resistência durante e após esse período.
A ideia de falar sobre terreiros e quilombos é situar duas formas de existência e resistência, tanto do ponto de vista sociopolítico quanto militar. De uma forma política e social, os quilombos representam uma organização comunitária.
Eles são uma metáfora espacial da África aqui no Brasil. Os terreiros fazem isso, ressignificando espaços, reis, castelos e hierarquias através dos nossos deuses. Os terreiros e quilombos às vezes se cruzam, e é por isso que o título do documentário é Encruzilhada”, explica Paulo Mileno, que é cineasta, ator e diretor da obra.
Participação em Festivais
O documentário foi exibido no 16º Encontro de Cinema Zózimo BulBul Brasil, África, Caribe e outras Diásporas, realizado no bairro da Gamboa, no centro do Rio de Janeiro. A participação em festivais de cinema é uma oportunidade para que a obra alcance um público mais amplo e promova o debate sobre a preservação da memória cultural afro-brasileira.
Paulo Mileno descreve o documentário como uma extensão de sua personalidade e uma forma de continuidade e persistência das tradições culturais africanas. A narrativa do filme permeia quatro campos do saber: o pensamento nagô, o quilombismo, o patrimônio histórico e o território.
"Encruzilhada: entre o terreiro e o Quilombo em Jacarepaguá" é uma obra essencial para quem deseja compreender e valorizar a história e a cultura afro-brasileira. O documentário não apenas resgata memórias, mas também inspira a comunidade a reconhecer e preservar suas raízes culturais.
“Outra história é sobre os senhores de engenho, que eram considerados os donos do saber agrícola. Na verdade, quem entendia de cultivo e colheita eram os negros, cuja mão de obra foi explorada em diversos campos, desde a mineração até toda a economia política do Brasil.
Os negros, importados do continente africano, trouxeram conhecimentos essenciais para a economia brasileira. Basta comparar o clima tropical das Américas com o da África para entender que esses conhecimentos não poderiam ter vindo da Europa. É necessário resgatar quem foram essas pessoas e como se deu a escravidão.
Não devemos romantizar a escravidão, como muitos autores já fizeram. O genocídio cometido apagou a história, a cultura, a religião, o nome e o idioma dessas pessoas, deixando-as sem referências. Essa violência foi muito maior do que apenas física; foi um genocídio filosófico e cultural”, reflete Milano.
Documentário será exibido no seminário “A Baixada de Jacarepaguá: Histórias, Legados, Riquezas e Potencialidades”
O documentário "Encruzilhada: entre o terreiro e o Quilombo em Jacarepaguá" será exibido no dia 14 de setembro, às 16h, na Casa de Cultura de Jacarepaguá. A casa será palco do seminário “A Baixada de Jacarepaguá: História, Legados, Riquezas e Potencialidades”, uma celebração rica e multifacetada dos 430 anos de fundação de Jacarepaguá.
O seminário reunirá historiadores, pesquisadores, instituições culturais e educacionais para explorar a rica história e o patrimônio cultural da Baixada de Jacarepaguá. Entre os destaques do evento, estão palestras e debates que abordarão temas como o legado dos povos indígenas e quilombolas, além da evolução histórica e cultural da região, e as perspectivas para o futuro.
“Fui criado em Jacarepaguá, um bairro muito grande, mas com poucos equipamentos culturais para a população. Vai ser um momento especial, um casamento perfeito entre a celebração dos 430 anos de Jacarepaguá e o filme, que foi dirigido e filmado inteiramente na região. Eu trabalho com material de arquivo, mas todas as imagens e filmagens do filme são originais e foram feitas em Jacarepaguá. Posso afirmar que Jacarepaguá tem uma história fascinante, que muitos dos próprios moradores não conhecem, quanto mais os de outros bairros, cidades e estados do Brasil”, conta Mileno.
A participação no Seminário é gratuita, mas as vagas são limitadas, e os interessados devem se inscrever através do Sympla, clicando aqui. E basta clicar aqui para conferir a programação e saber mais informações sobre o seminário e a Casa de Cultura,
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