Por: Val Costa.
Ao ler uma seção de uma grande revista de circulação nacional, me deparei com um equívoco muito comum entre os moradores de Jacarepaguá: a origem do nome do bairro da Vila Valqueire. O termo Valqueire tem sido, erradamente, explicado como: V (algarismo romano que representa o número 5) e alqueire (medida agrária variável), ou seja, 5° Alqueire.
No século XVII, a região que ia do Campinho ao Tanque era chamada de Fazenda do Engenho de Fora, que foi posteriormente desmembrada entre vários proprietários, dentre os quais Antônio Fernandes Valqueire. Ele já possuía terras nessa região desde meados do século XVIII, fato que fica claro nesse trecho da escritura de venda do engenho, datada de 1757:
“(...) e para a parte de Sapupema se divide com terras do antigo Engenho chamado de Antônio de Sampaio que hoje possui Antônio Fernandes Valqueire (...)”
A origem do nome “Valqueire” deve-se, então, ao antigo proprietário dessas terras e não a um suposto 5º alqueire, ou, como também já li, a 5ª parte de um alqueire.
Antônio Geremário Teles Dantas, que empresta o seu nome a uma importante avenida de Jacarepaguá, nasceu na Fazenda do Valqueire, em 1889. O avô materno dele, Francisco Teles, foi, durante muito tempo, dono dessas terras. Em 1927, os seus herdeiros lotearam essa propriedade, iniciando o processo de arruamento, por intermédio da Companhia Predial. Os lotes só foram ocupados efetivamente na década de 1960, pois a maioria dos compradores adquiriu os terrenos para investir e não para construir.
Hoje, a Vila Valqueire é um bairro residencial de classe média, com 32.279 habitantes (2010). Também se caracteriza pela presença de várias agências de automóveis ao Longo da Intendente Magalhães, estrada na qual, durante o Carnaval, desfilam as escolas de samba dos Grupos de Acesso B, C e D.
Val Costa é professor de Geografia e Membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá.
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