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Foto do escritorFelipe Migliani

Magalhães Corrêa: O Cronista do Sertão Carioca

Na imagem podemos ver garça voando no Complexo Lagunar de Jacarepaguá.
Foto: Felipe Migliani

Sua paixão pela natureza e pela preservação ambiental transparece em seus escritos, que frequentemente denunciavam a devastação ecológica e o abandono da região pelo poder público.

 

Armando Magalhães Corrêa, nascido em 1889, foi um jornalista, escritor e naturalista autodidata que deixou um legado significativo na literatura brasileira com sua obra "O Sertão Carioca". Publicado em 1936, o livro é uma compilação de reportagens que Corrêa escreveu para o jornal Correio da Manhã entre 1932 e 1933, documentando a vida e a paisagem da Baixada de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro.

 
 

Magalhães Corrêa mudou-se com sua família para um sítio em Jacarepaguá no início da década de 1930. Aqui, ele se dedicou a explorar e registrar o patrimônio natural e cultural da região, que ainda mantinha características rurais e sertanejas, apesar da proximidade com o centro urbano do Rio de Janeiro. Suas reportagens destacaram a riqueza da flora e fauna locais, bem como os modos de vida dos moradores, que ele descrevia como "brasileiros autênticos".


Além de seu trabalho como jornalista, Corrêa também atuou como conservador na seção de História Natural do Museu da Quinta da Boa Vista, onde se especializou em taxonomia. Sua paixão pela natureza e pela preservação ambiental transparece em seus escritos, que frequentemente denunciavam a devastação ecológica e o abandono da região pelo poder público.


"Magalhães Corrêa realizou estudos pioneiros no início do século XX, catalogando a fauna e flora da Baixada de Jacarepaguá e destacando sua importância histórica e cultural para o Rio de Janeiro. Ele transformou a percepção da região, antes vista como marginal, em um símbolo de resistência cultural e ambiental. Além disso, Corrêa foi um dos primeiros a documentar o modo de vida local, conectando o passado ao presente e mostrando como o ambiente natural influenciou as dinâmicas sociais e econômicas. Seus estudos são referência para futuras gerações", explica Alexandra Gonzalez, fundadora e gestora da Casa de Cultura e Jacarepaguá.



“O Sertão Carioca”

O Sertão Carioca” é uma obra que combina crônica, etnografia e alerta ecológico. Corrêa descreve com precisão a paisagem natural de Jacarepaguá, incluindo solos, rios, lagoas e a vegetação remanescente da Mata Atlântica. Ele também documenta a vida dos sertanejos, suas fazendas, igrejas, represas e técnicas de produção, oferecendo um retrato detalhado de uma região em transformação.


A obra é considerada um documento histórico valioso, não apenas por registrar a vida rural de Jacarepaguá, mas também por alertar sobre os riscos ecológicos que a região enfrentava e que, infelizmente, ainda são uma realidade hoje. A segunda edição do livro, publicada pela Fundação Biblioteca Nacional, inclui uma introdução de José Augusto Drummond e uma apresentação de Marcus Venicio Ribeiro, que contextualizam a importância da obra no cenário atual.


"O livro “Sertão Carioca”, escrito em 1936 por Magalhães Corrêa, é uma compilação de artigos que destacam a degradação ambiental na Baixada de Jacarepaguá, uma área rural na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Corrêa, um naturalista autodidata, observou e documentou problemas ambientais décadas antes do movimento ambientalista global ganhar força. Para mim, este livro é um marco do ambientalismo, não só no Rio de Janeiro, mas até no Brasil", explica o Geógrafo Val Costa, integrante do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA).


Legado 

Magalhães Corrêa faleceu em 1944, mas seu legado continua vivo através de suas obras e das contribuições que fez para a preservação do patrimônio natural e cultural do Rio de Janeiro. “O Sertão Carioca” permanece uma leitura essencial para aqueles que desejam entender a história e a transformação da Baixada de Jacarepaguá, bem como a importância da preservação ambiental.


"Então, diria que Magalhães Correia foi um grande naturalista amador e um dos primeiros conservacionistas do Brasil. E sorte nossa que ele retratou todo o pujante ambiente natural da então longínqua baixada de Jacarepaguá, que hoje é uma área totalmente integrada à cidade", ressalta Val.


“O Sertão Carioca” está disponível em diversas livrarias e também pode ser encontrado em bibliotecas públicas, como a Biblioteca Nacional. Para aqueles interessados em explorar mais sobre a história e a cultura de Jacarepaguá, esta obra é uma leitura indispensável.


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